segunda-feira, 4 de maio de 2009

Straight Photografhy - Fotografia Direta


imagem de Alfred Stieglitz

Straight Photography


Definição

O conceito de straight photography (fotografia direta, pura) é utilizado para caracterizar uma vertente da fotografia moderna surgida nos Estados Unidos na década de 1910, cujos expoentes mais conhecidos são Alfred Stieglitz (1864 - 1946), Paul Strand (1890 - 1976), Edward Weston (1886 - 1958) e Anselm Adams (1902 - 1984). Refere-se a imagens feitas pelo contato direto da câmera com a realidade, sem intervenções no laboratório ou na cópia. Apesar de apresentar diversos pontos em comum com as vanguardas européias, como a nova objetividade fotográfica e a nova visão, o movimento norte-americano distingue-se por enfatizar a noção de fotografia como expressão subjetiva.

O termo é definido pelo poeta e crítico de arte Sadakichi Hartmann (1867 - 1944) no texto Um Apelo em Favor da Fotografia Direta, em 1904, no qual comenta a produção de fotógrafos ligados à associação norte-americana Photo-Secession. Esses artistas começam a se distanciar das técnicas e temas pictorialistas que haviam caracterizado seu trabalho até então. No artigo, Hartmann convoca os fotógrafos a trabalhar de maneira direta:

"Confie na sua câmera, no seu olho, no seu bom gosto e no seu conhecimento de composição (...). Eu não faço objeção ao retoque (...) desde que não interfira nas qualidades naturais da técnica fotográfica (...). Eu não desejo que ele [o fotógrafo] se torne menos artístico do que ele é hoje, ao contrário, eu quero que ele seja mais artístico, mas apenas com meios legítimos. (...) Eu quero que a fotografia pictorial seja reconhecida como uma das belas artes. (...) tenho lutado por isso há anos, mas estou igualmente convencido de que isso só pode se realizar através da fotografia direta".1

A idéia de que a fotografia tem uma estética singular e deve tornar-se "artística" por "meios legítimos" - ou seja, pela exploração criativa de recursos estritamente fotográficos (aspectos gráficos e tonais próprios da película preto-e-branco, pontos de vista e enquadramentos) - caracteriza, de modo geral, a produção dos artistas ligados à straight photography.

Por volta de 1907, Stieglitz, líder do Photo-Secession, direciona seu trabalho para os pressupostos da fotografia direta. Começa a trabalhar com negativos de grande formato copiados por contato em papel brilhante, na época considerado inapropriado para a realização de fotos artísticas, pois não permitia retoques posteriores. Ele se volta para retratos, cenas urbanas - quase sempre feitas da janela de seu apartamento em Nova York - e, sobretudo, para a natureza. Um de seus trabalhos mais conhecidos é Equivalentes, uma série de fotografias de nuvens que revelam o apreço de Stieglitz por temas prosaicos, além de exemplificar procedimentos comuns em sua obra, como o trabalho de imagens fragmentadas semelhantes a abstrações.

As duas últimas edições da revista Camera Work, editadas em 1916 e 1917 por Stieglitz, publicam fotos de Paul Strand: retratos de pessoas nas ruas, cenas urbanas registradas de pontos de vista inusitados ("de cima" ou "de baixo") e imagens de detalhes de objetos que lembram pinturas abstrato-geométricas. Suas fotos, bem como sua argumentação em favor da autonomia da fotografia perante a pintura, tornam Strand o principal representante da straight photography. Para ele, o fotógrafo artista deveria aliar uma profunda necessidade de expressão individual a um rigoroso conhecimento técnico. Em artigo publicado em 1923, critica os pictorialistas sobretudo pelo fato de produzirem imagens híbridas, pois toda arte deveria ser "pura":

"Atualmente se está demonstrando que uma fotografia construída sobre as qualidades fotográficas básicas não pode ser imitada de modo algum por um pintor ou um gravador. É algo com um caráter inalienável, com sua própria especial qualidade de expressão como qualquer produto de outro meio artístico totalmente acabado".

Em 1932, Edward Weston, Anselm Adams e Imogen Cunninghan (1883 - 1976), entre outros seguidores das concepções de Stieglitz e Strand, formam o Grupo F.64. O nome da associação se refere ao número que identifica a menor abertura usada em lentes de câmeras para obter imagens com o máximo de clareza e definição, qualidades consideradas como essenciais para os integrantes do movimento. Para repudiar o pictorialismo, eles preconizam a perfeição da tiragem e o respeito absoluto pelas características dos materiais. Para Weston: "Só uma prova tecnicamente perfeita, realizada a partir de um negativo tecnicamente perfeito, pode, a meus olhos, ter valor intelectual ou capacidade emocional."2

Weston trabalha com câmeras de grande formato e, como Stieglitz, copia seus negativos por contato, evitando assim a perda de definição. O artista defende a pré-visualização da cena a ser fotografada como uma maneira de obter controle absoluto sobre os resultados. Ele acredita na "honestidade" da câmera fotográfica que, em sua concepção, utiliza para registrar a "essência" e a "verdade" das coisas.3 Seus temas preferidos eram nus, paisagens e naturezas-mortas.

O trabalho de Weston apresenta diversos pontos em comum com a obra de Adams, que se volta principalmente para a paisagem do oeste dos Estados Unidos. Adams é autor da trilogia A Câmera, O Filme e A Cópia, livros que ensinam como ter controle total da imagem, condição primordial para o fotógrafo se expressar artisticamente, segundo os paradigmas da straight photography.

fonte: enciclopédia Itau cultural

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